Lei sancionada por Lula veta uso de linguagem neutra em órgãos públicos

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Lei sancionada por Lula veta uso de linguagem neutra em órgãos públicos
Lei sancionada por Lula veta uso de linguagem neutra em órgãos públicos

Nova Política Nacional de Linguagem Simples define regras para comunicações oficiais e exige respeito às normas tradicionais da língua portuguesa

Lara Duarte

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que institui a Política Nacional de Linguagem Simples, estabelecendo novas diretrizes para a comunicação de órgãos e entidades das administrações federal, estaduais e municipais. Entre as determinações, está a proibição do uso da linguagem neutra em documentos e mensagens oficiais. A norma foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira.

A política tem como objetivo tornar a comunicação pública mais clara e acessível, permitindo que qualquer cidadão consiga compreender informações institucionais com maior facilidade. Para isso, o texto define que devem ser usadas frases curtas, diretas e com vocabulário comum, além de organização textual que priorize os dados mais importantes logo no início.

A lei também orienta que servidores evitem construções complexas, termos estrangeiros, redundâncias, palavras de tom pejorativo e uso excessivo da voz passiva. A comunicação considerada “linguagem simples”, segundo o documento, deve empregar técnicas que tornem o conteúdo fácil de localizar, interpretar e utilizar.

O trecho que veta a linguagem neutra estabelece que não devem ser adotadas novas flexões de gênero e número que contrariem as normas consolidadas pela gramática tradicional, pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e pelo Acordo Ortográfico. Essa variação linguística, difundida entre pessoas não binárias e agênero, utiliza pronomes como “elu” e “delu” e substitui terminações “a” e “o” pelo “e”.

A discussão em torno da linguagem neutra vem gerando debates desde o início do atual governo. Em cerimônias de posse realizadas em 2023, algumas falas incluíram construções neutras, o que gerou críticas de parlamentares contrários ao uso. A Agência Brasil também foi alvo de polêmica ao publicar uma reportagem com adjetivos flexionados no gênero neutro.

Outro episódio marcante ocorreu durante a campanha eleitoral em São Paulo, quando uma intérprete utilizou a variação linguística ao cantar o Hino Nacional. A repercussão negativa levou o presidente a considerar a alteração inadequada, e o material acabou retirado das redes.

Com a nova lei, comunicações oficiais passam a ter parâmetros rígidos de clareza, objetividade e adequação à norma culta, reforçando a exigência de que a linguagem utilizada pelos órgãos públicos siga exclusivamente as formas previstas pelas regras tradicionais da língua portuguesa.

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